domingo, 6 de novembro de 2011

RESPOSTA AO MACARRÃO:A CRÍTICA DO POLITICISMO SEGUNDO A PERSPECTIVA ANARCO-INSURRECIONAL PRIMITIVISTA




RESPOSTA AO MACARRÃO: A CRITICA DO POLITICISMO SEGUNDO A PERSPECTIVA ANARCO-INSURRECIONAL PRIMITIVISTA
Charles Odevan Xavier

“(...)la única respuesta contraria al trabajo es la de destruirlo, procurando una propia proyectualidad, un propio futuro, una propia identidad social del todo nueva y contrapuesta a los intentos de nadificación puestos em marcha por el capitalismo postindustrial.”

Alfredo Maria Bonanno, anarco-insurreicionista italiano.

“A medida para avaliar a importância de uma revolta generalizada não é o conflito armado, mas ao contrário, é a extensão da paralisia da economia, da normalidade. Se os estudantes continuarem a estudar, se os trabalhadores e funcionários de escritório continuarem a trabalhar, o desempregado unicamente se esforçando em arranjar emprego, então a mudança não será possível.”
Do ensaio “Anarquismo Insurrecionário: Organizando para o ataque!” de autoria anónima.


Este ensaio pretende ser uma resposta sóbria a “Carta Aberta de Desligamento da ORL – Organização da Resistência Libertaria” do ativista anarquista Macarrão.

Para tanto consultamos diversas fontes bibliográficas.

Entre elas o “Dicionário de Política” de Norberto, BOBBIO, Nicola, MATTEUCCI e Gianfranco, PASQUINO - Traduçao: Carmen C. Varriale, Gaetano Lo Mônaco, João Ferreira, Luís Guerreiro Pinto Cacais e Renzo Dini – 11ª edição – Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1998.

Consultamos documentos anarco-plataformistas como “Alma e o Corpo: O Bakuninismo e a organização anarquista”. Analisamos a Carta Aberta do militante anarquista Macarrão e os comentários publicados no CMI – Centro de Midia Independente (www.midiaindependente.org)

E lemos tambem a resposta da ORL “A Revolução é imensa mas os homens são infinitamente pequenos”.


Consultamos as obras do anarquista insurrecional italiano, Alfredo Maria Bonanno: “O prazer armado”, “A tensão anarquista”, “Destruyamos el trabajo” e “Movimiento Ficticio e Movimiento Real”.

Lemos o ensaio “Anarquia verde vs. Anarquismo Clássico” publicado pelo coletivo “Green Anarchy”.E o ensaio: “Anarquismo Insurrecionário: Organizando para o ataque!” de autoria anônima.

Também lemos o livro de Anselm Jappe: “Guy Debord” - Traduçao: Iraci C. Polet e Carla Silva Pereira – Lisboa, Antigona, 2008.

Não podemos deixar de mencionar que lemos o curto, mas esclarecedor “Anarco-primitivismo” do anarquista americano John Zerzan publicado pela BPI.

E ouvimos a esclarecedora entrevista de Macarrao para Radio online “Cordel Libertário”

O QUE É POLITICA? O QUE É LUTA?


“Política.
I.. O SIGNIFICADO CLÁSSICO E MODERNO DE POLÍTICA. — Derivado do adjetivo originado de pólis (politikós), que significa tudo o que se refere à cidade e, conseqüentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social, o termo Política se expandiu graças à influência da grande obra de Aristóteles, intitulada Política, que deve ser considerada como o primeiro tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado, e sobre as várias formas de Governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do Governo, isto é, de reflexão, não importa se com intenções meramente descritivas ou também normativas, dois aspectos dificilmente discrimináveis, sobre as coisas da cidade. Ocorreu assim desde a origem uma transposição de significado, do conjunto das coisas qualificadas de um certo modo pelo adjetivo "político", para a forma de saber mais ou menos organizado sobre esse mesmo conjunto de coisas: uma transposição não diversa daquela que deu origem a termos como física, estética, ética e, por último, •cibernética. O termo Política foi usado durante séculos para designar principalmente obras dedicadas ao estudo daquela esfera de atividades humanas que se refere de algum modo às coisas do Estado: Política methodice digesta, só para apresentar um exemplo célebre, é o título da obra com que Johannes Althusius (1603) expôs uma das teorias da consociatio publica (o Estado no sentido moderno da palavra), abrangente em seu seio várias formas de consociationes menores. Na época moderna, o termo perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como "ciência do Estado", "doutrina do Estado", "ciência política", "filosofia política", etc, passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.”
Dicionário de Política – Noberto Bobbio.

“Los anarquistas son enemigos declarados del Estado y de todas las realizaciones institucionales concretas de las que este se dota para controlar y reprimir. Esta declaración de principio, aun con su carácter abstracto, es uno de las características esenciales del anarquismo y nuca ha sido puesta en duda.”
Alfredo Maria Bonanno

Este ensaio é bem temerário porque lida- ou pode lidar – com suscetibilidades e melindres involuntariamente e esta não foi minha intenção, caso ocorra, peço desculpas a todos os possiveis envolvidos.

Mas definitivamente a Carta de Desligamento da ORL do militante anarquista Macarrão merece uma resposta ou serviu como mote de resposta.

Particularmente não tenho nada contra o militante Macarrão, temos relações afetuosas, pelo menos ate agora eu não me excluiu do seu orkut.

Porem, não posso ficar calado aos comentários que Macarrão fez em relação ao que ele chama de “ correntes supostas que não foram citadas porque o objetivo era citar aqueles que entendem que o anarquismo e luta e não quem faz ocupaçao de casa, anda de bicicleta, exibe video e tem uma horta”

O que esta pressuposto aqui no discurso de Macarrao quando na enunciação entende-se que ocupaçao urbana, bicicletada, video-debate e horta orgânica não são lutas? Esta pressuposto uma noção de anarquismo que pauta a UNIPA – União Popular Anarquista e o anarco-plataformismo de organizações russas como “Dielo Truda”.

Macarrão entende essas iniciativas, ou essas correntes - das quais os companheiros anarco-punks do Squatt Toren podem ser a referência - como que infiltradas de “doutrina liberal na luta dos trabalhadores, mal que o anarquismo sofreu, mas que hoje tem a obrigação de superar e caminhar rumo ao horizonte revolucionário para a sociedade sem classes”.

Realmente ele não citou o nome do Squatt Toren, mas como na sinopse da carta ele avisa que irá fazer um balanço do anarquismo cearense recente; para bom entendendor quem acompanha a cena anarquista ou libertária cearense, sabe que o Squatt Toren não se reinvindica anarco-primitivista na sua totalidade, mas é uma comunidade de pessoas e militantes e sujeitos bastante sensível aos textos e obras de autores que o meio anarquista internacional rotulou de anarco-primitivista.

Na Carta, Macarrão não cita o Toren mas cita os anarco-punks em categorizaçoes nada fraternas e faz um balanço da experiência do Espaço Cultural Comuna Libertária que na sua avaliação não fazia muito coisa alem de GIG's.

Macarrão pensa que a Comuna Libertária deveria “organizar a classe trabalhadora contra o patronato almejando o acúmulo de forças para o desenlace revolucionário”, quando se resumia a organizaçao de Seminários, Debates e promoção de GIG's.

Eu tambem ouvi uma entrevista de Macarrão há algum tempo atrás na Radio online “Cordel Libertário” e lá ele faz um balanço interessante da ORL, revelando os momentos mais quentes da organização, como por exemplo, a problemática ocupação do Campus do PICI da UFC com os moradores da favela do Planalto Pici.

Macarrão em sua carta faz um balanço de momentos como o da Frente Popular Ecológica de Fortaleza e Bloco Verde que tentaram impedir a oligarquia dos Jeressaitis de depredarem o mangue do Cocó com a Torre do Iguatemi em 2007.

Esta passagem do anarquismo cearense eu estava acompanhando de muito longe, pois estava com uma serie de problemas pessoais e de saúde.

E também porque a partir de 2006 eu me juntei aos anarco-punks como colaborador da Casa do Confronto Anarco-punk doando revistas, livros e ministrando oficinas de redação para os punks. Entao eu perdi o contato com ex-militantes anarquistas da Comuna Libertaria como JP, Mateus Magao e Vanessa Luana.

Macarrão fala dos meses seguintes a 2007 onde houve ocupações radicalizadas por parte dos estudantes da UFC no REUNI, em sua avaliaçao apenas derrotada politicamente por falta de organização de base.

O ex-ativista da ORL fala em “anarquismo social” que reconhece eu seu interior correntes que nada tem a ver com a “luta de classes” ou que inclue grupos que priorizam o estilo de vida pequeno-burgues.E chama pejorativamente esse tipo de anarquismo de ecletismo.

O ecletismo se traduziria por coisas contraditorias como reinvindicar a primeira internacional e a revolução espanhola sem fazer o devido balanço critico, nas palavras dele.

Macarrão critica a ruptura do pessoal da ORL com o COPOACE – Comitê pro Organização Anarquista no Ceara. Implica com o paradigma da FARJ – Federaçao Anarquista do Rio de Janeiro.

Depois Macarrão fala que é necessário “formação politica para a construção do poder popular”.

Discute qual o papel do anarquismo para a luta de classes.

Quando Macarrão diz que o “proletariado no Brasil se encontra orfão de organismos que possam agregar e articular nacionalmente as lutas” e quando o mesmo lamenta os rumos reformistas da CONLUTAS, ele propõe como panacéia: “cabe hoje iniciar a organização de oposições sindicais, estudantis e populares com o objetivo de criar o duplo poder, necessario para qualquer desenlace revolucionário”. Macarrão fala na necessidade de se criar um “partido”, sim! É esse o termo utilizado: “partido”.E termos maoistas-trostkistas autoritarios como: “massas”.

DO POLITICISMO AO “ORGULHO OPERÀRIO”

“Consideramos como movimiento anarquista ficticio el conjunto de los compañeros que administran una posición de poder dentro del movimiento, que no hacen un preciso trabajo anarquista contribuyendo al crecimiento de la conciencia revolucionaria en las masas, sino que se limitan a presidir las reuniones y congresos, tratando de dirigir a los compañeros más jóvenes o menos preparados hacia lo que ellos consideran los principios indiscutibles del anarquismo. Quedan los otros compañeros que por debilidad o por aquiescencia acaban por adecuarse a las decisiones que son tomadas siempre por las mismas personas. Esos, aunque comprometidos en las luchas concretas desnaturalizan el significado mismo de la necesidad de la delegación y no se ocupan de prepararse de modo tal que válidamente se contrapongan a la «tiranía» del compañero más competente o de más autoridad.”
Alfredo Maria Bonanno

O que há por trás de toda a argumentação de Macarrão? Há o problema epistemológico e ideológico do chamado “orgulho operario”.Enquanto autores anarquistas, como Bob Black, Alfredo Maria Bonanno, e, nao-anarquistas, como Guy Debord, Raoul Vaneigem, Anselm Jappe e Robert Kurz falam em “abolição do trabalho”, o Macarrão, a UNIPA querem “mais trabalho”.

A perspectiva da luta de classes ou luta classicista ou ainda o que chamo de luta politicista contra uma suposta luta “culturalista” (sim, pois foi esse o termo que Macarrao usou na entrevista da Radio Cordel Libertario) no meu parecer é um ponto de vista limitado, pois em um planeta Terra vitimado pela lógica cega da economia de mercado e que por isso tem um colapso de sua biosfera, todos são vitimas: o trabalhador (muito citado no discurso de Macarrao), a maioria desempregada (esquecido por Macarrao) e os patrões ou burgueses.Todos vitimas do colapso da biosfera irredutivelmente.Ou seja a humanidade toda no mesmo barco rumo ao naufrágio.

Pra que lutar por uma inclusão no mundo do trabalho, quando o trabalho morto das máquinas eletrônicas dispensa trabalhadores? Para que tanto insistencia em não deter a crise irrecuperável do capital? Por que não deixar o capital – a acumulação de bens e a hierarquização do trabalho – degolar-se a si proprio? Por que tentar impedir o inevitavel?

Quem precisa de “orgulho operario”, de orgulho laboral, de orgulho de fabrica? O burguês.Pois o que sustenta o capital, a sociedade mercantil, o dinheiro, o valor, a hierarquia e, por último, o Estado: é o Trabalho..É o trabalhador que sustenta todo esse andaime.

E o que propõe Macarrão e a UNIPA ou o anarquismo classico? Manter o andaime.Manter a maquina funcionando.Nós anarco-insurrecionistas primitivistas propomos: emperrar a maquina, derrubar o andaime, para que o edificio rigido do Capital e do Capitalismo desmorone.

Manter o andaime do capital e da maquina do capitalismo funcionando para que tenha migalhas para os trabalhadores é incorrer em erro, já que a manutençao desse “tripalium” tem um custo ambiental como o colapso total da biosfera que já começou vide aquecimento global, desertificaçoes regionais, entre outros cataclimas ecologicos.

O PROBLEMA DO PARADIGMA DA UNIPA, O BAKUNINISMO E DO ANARCO-PLATAFORMISMO

“(...)Pero este movimiento anarquista real no debe asumir ninguna forma de prevalencia sobre las organizaciones del movimiento de los trabajadores y no puede ser administradas por especialistas iluminados capaces de mantenerlas en vida en momentos de cansancio. El punto esencial a no olvidar es que estos famosos momentos de reflujo lo son para el movimiento ficticio de los trabajadores, no para el movimiento real, sometido en todo instante a la presión incansable de la explotación y el genocidio.”
Alfredo Maria Bonanno

“ El proyecto revolucionario anarquista parte del contexto específico de la realidad de las luchas. No es un producto de la minoría, no es elaborado por ésta y exportado al movimiento de los trabajadores, que lo adquiere en bloque o a plazos. El proyecto revolucionario no es ni siquiera una realización acabada en todas sus partes. Los anarquistas no deben imponer su conciencia de minoría revolucionaria a la clase trabajadora. Actuar en este sentido significa, involuntariamente, perpetuar la violencia leninista. Al contrario, participando en el proceso de autoorganización de la masa, trabajando dentro, no como teóricos políticos o especialistas militares, sino como masa, se puede evitar el obstáculo insuperable de la minoría separada que intenta «viajar» hacia la totalidad de la masa, pero no sabe decidirse sobre la metodología a emplear.”
Alfredo Maria Bonanno

“Massa. s.f. Mistura de farinha de trigo ou outra qualquer, com um liquido, de modo que forme pasta; conjunto de partes que foram um todo; substancia mole, pastosa ou pulverizada(...)materia que constitui um corpo, corpo informe(...)pl. Aglomeraçao de gente, o povo”
Dicionario Brasileiro Globo

“A organizaçao das massas e pre-condiçao para a politica revolucionaria”
A Alma e o Corpo, UNIPA

Cada um tem o paradigma, o esquema de referencia que bem entender.Nao sou dono da verdade.Mas identifiquei uma serie de problemas no documento “A Alma e o Corpo” da UNIPA – Uniao Popular Anarquista.E esse topico antes de ser uma tentativa arrogante de apontar erros, serve ou serviria mais como um momento de reflexao para contribuir com o debate de ideias.

No documento os signatarios dividem a organização de massas em seções centrais e seções corporativas.Falando da necessidade da existencia de “nucleos duros ou nucleos geradores” dentro dessas organizaçoes de massa.Qualquer semelhança com vanguarda revolucionaria não é mera coincidencia.

E o termo 'vanguarda' aparece no documento quando afirma: “As seçoes centrais reuniam exatamente os militantes da vanguarda do proletariado, aqueles que já tinha desenvolvido uma solida consciencia socialista”

E o preocupante trecho: “Para organizar as amplas massas é preciso, no entanto chegar ate elas e convence-las de se organizarem”

Deve-se questionar utilizando passagens da carta de Macarrao quando se refere a movimentaçao em torno no chamado “Comite Popular da Copa” - articulaçao dos moradores que lutam em torno dos impactos socio-ambientais das obras da COPA DO MUNDO em Fortaleza.

Sera que cabe a uma minoria de eleitos dirigir os moradores do Castelao ou deixar que os proprios se organizem por si mesmos? Sera que cada morador de onde passara o VLV - Veiculo Leve sobre Trilhos - não tem uma noçao na propria carne de que perderá sua casa e poderá ir morar longe dos seus amigos e local de trabalho? Sera que o povo é sempre burro e precisa de meio duzia de especialistas da revoluçao?

O paradigma do “Dielo Truda” - Grupo russo que serve de inspiraçao a UNIPA - tende a uma “bolchevizaçao” do anarquismo, inibindo a criatividade dos sujeitos envolvidos e mergulhando todos numa rigidez programatica intoleravel.

A PROPOSTA INSURRECIONAL E PRIMITIVISTA

“Es necesario partir del nivel real de las luchas, del nivel concreto y material del combate de clase, construyendo pequeños organismos de base, autónomos, capaces de colocarse en el punto de coincidencia entre la visión total de la liberación y la visión estratégica parcial que la colaboración revolucionaria hace indispensable. No se trata pues de propaganda, de «hacerse conocer» por las masas, no se trata de acceder a los grandes medios de comunicación, no se trata de hablar en televisión a millones de espectadores; se trata de realizar en cada hecho de la lucha de masa la conciencia revolucionaria de la minoría, transformando en hecho-concreto la conciencia que en convento minoritario, quedaba en simple abstracción; haciendo que la necesidad del comunismo advertida por las masas se realice, poco a poco, en una concreción cotidiana, en una organización material de la vida.”
Alfredo Maria Bonanno

“Si, por ejemplo, nos limitásemos a denunciar las condiciones de los encarcelados, seríamos sin duda útiles a los compañeros a los compañeros que sufren la represión; pero limitándonos a esto, condenaríamos nuestra intervención a quedar en manos de una minoría externa que se acerca a la realidad y la divisa, se bate por ella y, - al límite, hace algo por cambiarla a mejor. Pero este «cambiar a mejor» es útil también para el poder que, antes o después, debe también decidirse a adoptar sistemas más refinados y socialdemócratas de represión; sistemas igualmente, si no más, eficaces.”
Alfredo Maria Bonanno

“O que significa ser anarquista? Porquê? Porque não é uma definição que possa ser feita para sempre, posta num cofre e considerada um patrimônio que possa ser extraído pouco a pouco. Ser anarquista não significa que se alcançou uma certeza, ou que se afirmou de uma vez por todas “ok, de agora em diante, eu possuo a verdade e como tal, pelo menos do ponto de vista da idéia, sou uma pessoa superior”.
Alfredo Maria Bonanno

Existe no dizer de John Zerzan uma profunda crise em todos os niveis: individual, social, ambiental. O câncer do capitalismo tecnológico esta se expandindo com um impacto devastador.

John Zerzan faz um diagnóstico: “. Liberalismo, esquerdismo, pacifismo são faces de uma falida pseudo-oposição a ordem dominante. A única oposição radical é a anarquia.”
“Civilização, que é baseada na divisão de trabalho e domesticação, também deve ser abolida. Sua lógica desdobradora tem nos levado para a atual condição de vazio, destruição e patologia.”

John Zerzan propõe: “Nosso objetivo é uma comunidade não-hierárquica e face a face. Todo obstáculo para tal deve ser removido. Um grande desmantelamento é necessário para que a natureza e cada individuo seja honrado. A descentralização completa é o objetivo.

Tecnologia e capital a uma monocultura massificada que escraviza toda vida. Produção em massa, fabrica, especialização, pensamento separatista é parte do problema, e não da solução.

Livre associação, autonomia, transparência, espontaneidade, comunhão com a natureza, diversão, criatividade são requisitos para uma existência saudável e livre. Produtividade, hierarquia, coerção, trabalho, consciência de tempo não.

Voto, programas de reciclagem, reformismo, e protestos não têm conseguido realmente nada. Tem que haver um rompimento qualitativo com a Mega-maquina.”

CONSIDERAÇOES FINAIS

O proposito deste ensaio não foi alfinetar ninguem, mas contribuir para o debate sobre as inumeras possibilidades do anarquismo transnacional e cearense, sem redundar em dogmatismos estanques ou cristalizados.

Pesquisador e colaborador do Squatt Toren.

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