quinta-feira, 8 de abril de 2010

ALTA VOLTAGEM LÍRICA DE JOÃO GILBERTO NOLL



ALTA VOLTAGEM LÍRICA DE JOÃO GILBERTO NOLL

A obra do romancista gaúcho João Gilberto Noll vale pela poligrafia.Produziu desde contos (Ex.: Máquina do Ser), passou por um livro de fragmentos (Mínimos, múltiplos, comuns) até romances caudalosos e barrocos( como Fúria do Corpo); assim como escreveu um romance curto veladamente autobiográfico (Berkelley em Bellagio)

No livro “Berkelley em Bellagio” as instâncias de enunciação se revezam entre a primeira pessoa e terceira pessoa.A impressão que se tem é de que Noll queria ficar invisível na narrativa através do recurso da terceira pessoa, mas em outros momentos o romancista utiliza marcas verbais da primeira, principalmente quando ele (o narrador)
se entrega aos prazeres da carne com outros homens

Através das marcas verbais pode-se inferir que em alguns momentos luxuriosos da narrativa, Noll tenta se esconder através dos pronomes , de terceira pessoa, mas em outros ele assume a sexualidade agônica através dos pronomes oblíquos .

Noll ficcionaliza a sua autobiografia, de escritor pobre e sem recursos no Brasil, ele resolve descrever as suas estadias no estrangeiro - dando aulas em universidade americana ou recebendo prêmios num congresso de escritores na Itália.

As mudanças espaciais na narrativa são feitas sem maiores sinalizações para o leitor,
deixando a obra confusa e delirante. Noll em alguns momentos não deixa claro se está nos Estados Unidos ou na Itália ou em Porto Alegre, tal é o simultaneísmo narrativo.Algo que chamou a atenção de Ítalo Morriconi visto como “literatura de superposição entre narrador ficcional e alter ego de autor”

Berkelley em Bellagio é uma prosa poética de alta voltagem lírica. Em que seus personagens errantes passeiam por paisagens urbanas cheias de tédio, angústia, tudo embalado numa carga erótica que chega ao brutal.

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