segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A SOCIABILIDADE GAY


Este texto não é fruto de uma rigorosa pesquisa científica, com todo rigor nas amostragens e nem com rigoroso tratamento estatístico de dados.Nada disso.O texto é uma simples constatação subjetiva e empírica (por isso mesmo, sujeita a erros e generalizações) do tipo de sociabilidade construída por gays.Não posso falar de uma sociabilidade gay geral, mas da sociabilidade gay de Fortaleza (capital do Ceará, estado do Brasil).Também não conheço a sociabilidade gay lusitana, mas um dia pretendo dar aulas de literatura brasileira em Portugal.Ou seja, resolvi falar do que conheço para que vocês comparem com o cotidiano gay de vocês.Bem.Se a sociabilidade pós-moderna em geral é marcada pela superficialidade, a sociabilidade gay não fugiria de uma tônica dominante de época.O gay de Fortaleza dispõe de alguns equipamentos públicos e privados feitos para o seu deleite.Saunas, bares, móteis, cines pornôs e boites fazem parte do cotidiano gay de Fortaleza.Esses lugares tem suas regras próprias de convivência.Por exemplo, nas boites da zona rica da cidade, se você vier da parte pobre da cidade, será efetivamente ignorado pelos frequentadores.Parece que eles (os gays ricos e sofisticados) têm um faro para detectar gays pobres e se isolar deles ou isolá-los.Já nas boites do centro da cidade, a possibilidade de encontrar alguém e "ficar" por uma noite é alta.Já que nas boites ricas, os gays abastados ficam só exibindo suas roupas de griffes e não se relacionam com ninguém.Nas boites pobres do centro as pessoas vão para "namorar" e/ou fazer sexo.Mas apenas isso.Nos cines pornôs a regra é nunca perguntar o nome da pessoa a qual você está tendo contato físico.Porque ele pode ser casada com uma mulher.E aí as pessoas entram em cabines desconfortáves, fazem sexo e depois saem como se não conhecessessem.É assim que funciona.Em suma, o gay de Fortaleza tem uma facilidade enorme de criar vínculos e de desfazê-los com a mesma rapidez.É isso que chamo de superficialidade.Os laços sociais são muito esgarçados, tênues e frágeis.A cultura gay de Fortaleza é uma boa fonte de renda para psicanalistas e psiquiatras.Conheço muitos gays que se queixam de depressão, angústia e melancolia.Muitos nem sabem a razão de estarem assim.Mas penso que é devido ao nosso tipo peculiar de envolvimento emocional, ou seja, um envolvimento nulo.Eu me queixo disso.Mas não sou ingênuo de achar que isso é um privilégio da cultura gay.Penso que isso que estamos vivendo está disseminando por todos os estratos sociais, inclusive os não-gays.Vivemos na era da superficialidade das relações e de uma cultura da banalização do sexo, da violência que se traduz nos programas idiotas das tevês pagas e em talk shows imbecilizados e imbecilizantes.Eu luto contra isso no meu cotidiano.Gostaria de ouvir as opiniões de vocês acerca do meu comentário.

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