Hoje a tarde
com aquelas tardes quentes de Fortaleza
céu azul com nuvens esparsas, cúmulos, cirros, estratos.
Roberto Carlos tocava no ônibus
e eu lembrava de anos que eu não vivi
com ansiedade, fúria, desespero e síncope.
Era Roberto Carlos de uma coletânea da década de 70
a estranha e pesada década de 70
da qual me fixo a infância.
Sim.A infância sem pai.A infância dentro de ônibus
vendo pessoas tristes e assalariadas.
No meu poema não cabe a tristeza desse menino lá fora
no Sol quente contando os trocados de um parabrisa que limpou.
No meu poema não cabe o sofrimento do mendigo
com a perna bichada que estende a mão lá fora.
No meu poema, egoísta que sou só cabe minhas miudezas
meus desmaios, minhas lágrimas contidas e minhas saudades.
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