domingo, 13 de julho de 2008

O EU DISSONANTE


Há dois movimentos básicos
dentro de mim.

Um aponta para a paz
lugares ermos
montanhas verdes
praias desertas
monastérios budistas
conventos católicos
introspecção e silêncio

O outro aponta para a guerra
lugares agitados
cidades grandes
trânsito engarrafado
terminais de ônibus
piquetes de fábrica
pichação de muros
sabotagem de máquinas
greves selvagens
muito barulho por nada

Um parte de mim
acredita na humanidade
num outro mundo possível

outra parte de mim
quer que a humanidade se exploda

O ser humano é um aborto da natureza
um grande penico de excremento
o ser humano caga e peida

às vezes me vejo
como uma espécie de apóstolo da paz
o difusor do desarmamento


outras vezes
me diverte assistir Calígula
ler Marquês de Sade
ver cenas de gladiadores romanos
arrancando braços e cortando pescoços


Só gosto de futebol
quando a torcida invade o campo
quebra o alambrado
a polícia espanca, prende
e tudo termina com muitos mortos e feridos

O vulcão expelindo gases venenosos
e lava incandescente
me parece muito mais belo e soberbo
que a nona sinfonia de Beethoven

Sou Aquário, diplomacia e encontros entre povos
Sou Áries, o terrível deus dos genocídios

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