
Quero produzir um poema em prosa delirante e febril
como a fala dos bêbados favelados
que passaram o dia todo catando papel nas ruas sujas e fétidas
da Grande Fortaleza
e que sabem que irão encontrar apenas meio kilo de arroz
na mesa de seu pequeno barraco
enquanto o policial da RONDA DO QUARTEIRÃO
pesa 120 kilos.
Quero uma prosa-poética louca e seminal
como a sabotagem do trabalho
nas fábricas italianas
pelos autonomistas da década de 70
que leram Guy Debord
nas frenéticas greves selvagens
O meu discurso trôpego entre a intrasitividade, escritura
e a transitividade, escrevência
língua escritural agônica pertença
Sou escritor fudido do terceiro mundo
na minha rua passa RONDA DO QUARTEIRÃO
mas o posto de saúde é péssimo
na minha rua passa RONDA DO QUARTEIRÃO
mas não tem agricultura urbana
na minha rua passa RONDA DO QUARTEIRÃO
e o professor ganha menos
que o motorista de ônibus.
O RONDA DO QUARTEIRÃO
pára pobre e pára negro
mas não pára empresário ou magnata
Aliás, no meu país
a escolas públicas tem computadores sucateados
mas a RONDA DO QUARTEIRÃO
tem rastreamento por satélite
e o computador de bordo
é de quinta geração
ô país nojento!
Um comentário:
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