Blog de crítica cultural e criação poética. Propõe o controle social da produção em escala transnacional.Questiona a sociedade pautada pelo dinheiro, valor, trabalho, representação política, capital, mercadoria, estado e outras categorias imanentes à sociedade produtora de mercadorias. Exibe exegese bíblica não-cristã para descristianizar as subjetividades.Exibe pesquisas sobre sistemas simbólicos das religiões da diáspora negra.Exibe estudos LGBTT numa abordagem anarco-punk queer.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
FRACASSO
Ouvindo o cd "Cores, Nomes" de Caetano Veloso
Minha escritura do fracasso tem me incomodado
meu pessimismo agônico
não sei se conseguirei emprego
fazer bicos
e os fazendo não sei se terei habilidade para pagar minhas contas
com pouco dinheiro
Fico pensando em Pessoa que só não passou fome
porque sabia inglês e traduiza coisas para escritórios de contabilidade
na pedregosa Lisboa.
Penso em Mallarmé que jamais seria best-seller com sua poeisa hermética
e cifrada
e só não passou fome
porque sabia inglês
e dava aula particulares
para os filhos de comerciantes endinheirados
na enevoada e suja Paris do século XIX
Só me interesso pelo que não de dá dinheiro:
cinema, literatura
Só um fracasso como professor de meninos em situação de risco
Só um tradutor ruim e não juramentado
Sou um fracassado social
e ando pé
porque meu Passecard não terá crédito após a demissão
Sou um futuro desempregado
e olho o céu como tampa
e essa imagem atesta o meu fracasso
e minha falta de critividade
porque já vi em outro fracassado do passado: um Baudelaire.
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