Quero escrever um livro sobre as ruas sujas de Fortaleza, cantar seus esgotos, suas áreas de risco, suas enchentes.
Quero cantar Fortaleza e sua elite mesquinha, seu povo sofrido, seus desempregados.
Os viados da Praça do Ferreira a se cortarem mutuamente em falsidades fúteis.
Quando digo quero é porque meu poema é feito de incapacidades.
Manejo mal a língua, não consigo dominá-la .
Acho que devo tentar o vídeo ou a pintura.
Como traduzir o meu quarto sujo que bruscamente irrompe no poema? Traduzir ou suspender?
Essa imaginação oscilante. A alternância piscante dos semáforos e luminosos da coca-cola.
Fortaleza novamente vem numa imagem. Seus crentes chatos a balbuciarem versículos decorados da Bíblia que não sabem ler e a gritarem nos terminais de ônibus.
Quero cantar o ardor das greves, a sabotagem de máquinas, o grito do militante, a pixação chocante da Crítica Radical.
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